OS 10 MANDAMENTOS DA ECOLOGIA
1 - Ama a Deus sobre todas as coisas, e a natureza como a ti mesmo.
2 - Não defenderás a natureza em vão, com palavras, mas através de teus atos.
3 - Guardarás as florestas intactas, pois tua vida depende delas.
4 - Honrarás a flora, fauna, e todas as formas de vida dependem delas.
5 - Não matarás, propiciando as extinções das espécies.
6 - Não te calarás diante da impureza do ar, deixando que a indústria suje o ar que a criança respira.
7 - Não furtarás da terra sua camada de humus, raspando-a com máquinas ou provocando o gogo das queimadas, condenando com os anos o solo à esterilidade.
8 - Não levantarás falso testemunho, dizendo que o lucro e o progresso justificam teus crimes.
9 - Não desejarás para o teu proveito, que as fontes e rios se envenenem com o lixo industrial.
10 - Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação é preciso destruir a paisagem, como troféus de animais e enfeites de flores e galhos ornamentais, a terra também pertence aos que ainda vão nascer.
Três cenários do drama ecológico atual
15/02/2011
Há tempos atrás abri um congresso sobre a situação ecológica da Terra e proferi, fundamentalmente, este discurso. Parece-me que conserva ainda atualidade.
A humanidade se encontra numa encruzilhada: deve decidir se quer continuar a viver nesse Planeta ou se aceita caminhar ao encontro do pior.
Ela se parece com um avião na pista de rolamento. Sabemos que há um momento crítico de não retôrno no qual o piloto não pode mais frear. O avião ou levanta vôo e segue seu curso ou se arrebenta no fim da pista. Há analistas que dizem: passamos do ponto crítico, não levantamos voo e vamos encontro de uma catástrofe. Ou damos espaço a um novo paradigma civilizatório que nos poderá salvar ou enfrentaremos a escuridão como nos adverte em seus recentes livros O futuro da vida e Criação:como salvar a vida no planeta o grande biólogo da biodiversidade Edward Wilson.
Face a tal dramática situação, vigem hoje três cenários principais, cada qual com previsões próprias e diferentes.
O primeiro cenário – conservador – é dominante. Procura globalizar o modelo atual que é consumista, predador da natureza e criador de grandes desigualdades sociais. Tal é o caso do neoliberalismo mundializado que mostrou sempre parca sensibilidade ecológica e social, tolerando o agravamento das contradições internas. Face aos fantasmas surgidos após 11 de setembro de 2001, os ricos e poderosos tendem a levantar um muro de contrôle e de restrições em suas fronteiras. Buscam aplicar as tecnologias mais avançadas para garantir para si as melhores condições de vida possíveis. Além de ter sido historicamente etnocida, o sistema hegemônico pode revelar-se agora ecocida e biocida. Mas essa escolha é suicida, pois vai contra o sentido do proceso evolucionário global que sempre buscou re-ligações e cadeias de cooperação entre todos os seres para garantir a subsistência, o mais possível, de todos.
O segundo cenário – reformista – tem consciência do déficit da Terra. Mas confia ainda na sua capacidade de regeneração. Por iss mantem o paradigma vigente, consumista, predador e injusto. Não oferece uma alternativa, apenas minimiza os efeitos não desejados. Inventou o desenvolvimento sustentável, falácia do sistema do capital, para incorporar o discurso ecológico dentro de um tipo de desenvolvimento linear, predador e criador de desigualdades. Este contradiz e anula o sentido originário de sustentabilidade –categoria que vem da biologia e não da economia – que visa sempre o equilíbrio de todos os fatores e a inter-retro-dependência de todos os ecossistemas. Mas pelo menos introduz técnicas menos poluentes, evita a excessiva quimicalização dos alimentos e preocupa-se não só com a ecologia ambiental mas também com a ecologia social, buscando diminuir a pobreza, embora com políticas pobres para com os pobres. Essa solução representa apenas um paliativo, não uma alternativa à situação atual.
O terceiro cenário – transformador – apresenta uma real alternativa salvadora. Parte do caráter global da crise. O nível de interdependência é tal que ou nos salvamos todos ou corremos risco de grande dizimação de seres vivos, inclusive humanos. Os vários documentos da ONU sobre a questão revelam essa nova consciência: “há uma Terra somente”; “a preservação de um pequeno Planeta” (Estocolomo 1972); “nosso futuro comum” (Comissão Brundland 1987), a “Declaração do Rio de Janeiro”: “entendemos que a salvação do Planeta e de seus povos, de hoje e de amanhã, requer a elaboração de um novo projeto civilizatório”(1992) e enfim a Carta da Terra (2003) onde se apresentam princípios e valores para um modo de vida sustentável da Terra e da humanidade.
Esse projeto deve ser construido sinergeticamente por todos. Daí a urgência da criação de organismos globais que respondam pelos interesses globais. Importa costurar um novo pacto social mundial, no qual os sujeitos de direitos não sejam apenas os humanos mas também os seres da natureza. Quer dizer, o pacto social deve estar apoiado no pacto natural.
Eis a base para um democracia ecológico-social-planetária. Nesse tipo de democracia, tanto são cidadãos os humanos bem como os demais representantes da natureza, em permanente interdependência com os humanos e sem o s quais nós não podemos sobreviver. A democracia se abre assim para uma biocracia e cosmocracia.
Agora estamos envolvifos num grande debate de idéias que buscam identificar qual a melhor direção para a humanidade dentro do tempo finito e da um planeta limitado. No dia em que prevalecer a idéia de uma democracia ecológico-social-planetária ter-se-ão criadas as condições para uma aliança de fraternidade/sororidade para com a natureza. O ser humano sentir-se-á parte e parcela do todo e seu guardião responsável.
Por medo e como auto-defesa não precisará mais agredir os outros e a natureza. Não obstante as contradições da condition humaine, sempre demente e sapiente, poderá viver singelamente feliz em comunhão com todos os seres, como irmãos e irmãs, em casa, ancestral sonho dos povos e de São Francisco de Assis. Só então começará o ansiado novo milênio com um outro tipo de história, de paz perene com a Mãe Terra.
Leonardo Boff participou da redação da Carta da Terra junto com M. Gorbachev, M.Strong e S.Rockfeller.
Uma nova ciência:
Análise do Ciclo de Vida (ACV)
19/05/2011
A busca de um bem viver mais generalizado e o cuidado para com a situação global da Terra está aprofundando cada vez mais a nossa consciência ecológica. Agora impõe-se analisar o rastro de carbono, de toxinas, de químicas pesadas, presentes nos produtos industriais que usamos no nosso dia-a-dia. Desta preocupação está nascendo uma verdadeira ciência nova que vem sob o nome de ACV: Análise do Ciclo de Vida. Monitoram-se os impactos sobre a biosfera, sobre a sociedade e sobre a saúde em cada etapa do produto, começando pela sua extração, sua produção, sua distribuição, seu consumo e seu descarte.
Demos um exemplo: na confecção de um vaso de vidro de um kg entram, espantosamente, 659 ingredientes diferentes nas várias etapas até a sua produção final. Quais deles nos são prejudiciais? A Analise do Ciclo de Vida visa a identificá-los. Ela se aplica também aos produtos ditos verdes ou ecologicamente limpos. A maioria é apenas verde no fim ou limpos só na sua utilização terminal como é o caso do etanol. Sendo realistas, devemos admitir que toda a produção industrial deixa sempre um rastro de toxinas, por mínimo que seja. Nada é totalmente verde ou limpo. Apenas relativamente ecoamigável. Isso nos foi detalhado por Daniel Goleman, com seu recente livro Inteligência ecológica (Campus 2009).
O ideal seria que em cada produto, junto com a referência de seus nutrientes, gorduras e vitaminas, deveria haver a indicação dos impactos negativos sobre a saúde, a sociedade e o ambiente. Isso vem sendo feito nos EUA por uma instituição Good Guide, acessível pelo celular, que estabelece uma tríplice qualificação: verde, para produtos relativamente puros, amarelo se contém elementos prejudiciais mas não graves, e vermelho, desaconselhável por seu rastro ecológico negativo. Agora inverteram-se os papéis: não é mais o vendedor mas o comprador que estabelece os critérios para a compra ou para o consumo de determinado produto.
O modo de produção está mudando e nosso cérebro não teve tempo suficiente ainda acompanhar essa transformação. Ele possui uma espécie de radar interno que nos avisa quando ameaças e perigos se avizinham. Os cheiros, as cores, os gostos e os sons nos advertem se os produtos estão estragados ou se são saudáveis, se um animal nos ataca ou não.
Ocorre que o nosso cérebro não registra ainda mudanças ecológicas sutis, nem detecta partículas químicas disseminadas no ar e que nos podem envenenar. Introduzimos já 104 mil compostos químicos artificiais pela biotecnologia e pela nanotecnologia. Com o recurso da Análise do Ciclo de Vida constatamos o quanto estas substâncias químicas sintéticas, por exemplo, fazem diminuir o numero de espermatozóides masculinos a ponto de gerar infertilidade em milhões de homens com foi comprovado por T.Colborn no livro O futuro roubado (1997).
Não se pode continuar dizendo: as mudanças ecológicas só serão boas se não afetarem os custos e os rendimentos. Esta mentalidade é atrasada e alienada pois não se dá conta das mudanças havidas na consciência. O mantra das novas empresas é agora:”quanto mais sustentável, melhor; quanto mais saudável, melhor; quanto mais ecoamigável, melhor”.
A inteligência ecológica se acrescentará a outros tipos de inteligência, esta agora mais necessária do que nunca antes.
Veja do autor o livro Proteger o planeta, cuidar da Terra, Record 2010.
Demos um exemplo: na confecção de um vaso de vidro de um kg entram, espantosamente, 659 ingredientes diferentes nas várias etapas até a sua produção final. Quais deles nos são prejudiciais? A Analise do Ciclo de Vida visa a identificá-los. Ela se aplica também aos produtos ditos verdes ou ecologicamente limpos. A maioria é apenas verde no fim ou limpos só na sua utilização terminal como é o caso do etanol. Sendo realistas, devemos admitir que toda a produção industrial deixa sempre um rastro de toxinas, por mínimo que seja. Nada é totalmente verde ou limpo. Apenas relativamente ecoamigável. Isso nos foi detalhado por Daniel Goleman, com seu recente livro Inteligência ecológica (Campus 2009).
O ideal seria que em cada produto, junto com a referência de seus nutrientes, gorduras e vitaminas, deveria haver a indicação dos impactos negativos sobre a saúde, a sociedade e o ambiente. Isso vem sendo feito nos EUA por uma instituição Good Guide, acessível pelo celular, que estabelece uma tríplice qualificação: verde, para produtos relativamente puros, amarelo se contém elementos prejudiciais mas não graves, e vermelho, desaconselhável por seu rastro ecológico negativo. Agora inverteram-se os papéis: não é mais o vendedor mas o comprador que estabelece os critérios para a compra ou para o consumo de determinado produto.
O modo de produção está mudando e nosso cérebro não teve tempo suficiente ainda acompanhar essa transformação. Ele possui uma espécie de radar interno que nos avisa quando ameaças e perigos se avizinham. Os cheiros, as cores, os gostos e os sons nos advertem se os produtos estão estragados ou se são saudáveis, se um animal nos ataca ou não.
Ocorre que o nosso cérebro não registra ainda mudanças ecológicas sutis, nem detecta partículas químicas disseminadas no ar e que nos podem envenenar. Introduzimos já 104 mil compostos químicos artificiais pela biotecnologia e pela nanotecnologia. Com o recurso da Análise do Ciclo de Vida constatamos o quanto estas substâncias químicas sintéticas, por exemplo, fazem diminuir o numero de espermatozóides masculinos a ponto de gerar infertilidade em milhões de homens com foi comprovado por T.Colborn no livro O futuro roubado (1997).
Não se pode continuar dizendo: as mudanças ecológicas só serão boas se não afetarem os custos e os rendimentos. Esta mentalidade é atrasada e alienada pois não se dá conta das mudanças havidas na consciência. O mantra das novas empresas é agora:”quanto mais sustentável, melhor; quanto mais saudável, melhor; quanto mais ecoamigável, melhor”.
A inteligência ecológica se acrescentará a outros tipos de inteligência, esta agora mais necessária do que nunca antes.
Veja do autor o livro Proteger o planeta, cuidar da Terra, Record 2010.
- Biólogo não cheira, estimula os bulbos olfactivos.
- Biólogo não toca, recebe estímulos tácteis.
- Biólogo não respira, quebra carboidratos.
- Biólogo não tem depressão, tem disfunção no hipotálamo.
- Biólogo não admira a natureza, analisa o ecossistema.
- Biólogo não elogia, descreve processos.
- Biólogo não tem reflexos, tem mensagens neurotransmitidas involuntariamente.
- Biólogo não facilita discussões, catalisa substratos.
- Biólogo não transa, copula.
- Biólogo não admite algo sem resposta, diz que é hereditário.
- Biólogo não fala, coordena vibrações nas cordas vocais.
- Biólogo não pensa, faz sinapses.
- Biólogo não toma susto, recebe resposta galvânica incoerente.
- Biólogo não chora, produz secreções lacrimais.
- Biólogo não espera retorno de chamadas, espera feedback.
- Biólogo não se apaixona, sofre reacções químicas.
- Biólogo não perde energia, gasta ATP.
- Biólogo não divide, faz meiose.
- Biólogo não falece, tem morte histológica.
- Biólogo não beija, permuta microorganismos.
- Biólogo não é só cuidar de plantas e animais.
- Biólogo é acreditar na imortalidade da natureza e querer preservá-la sempre mais bela.
- Biólogo é ouvir os ruídos da natureza, mas principalmente entendê-los e amenizá-los.
- Biólogo é gostar de terra molhada, de mato fechado, de luas de sol e de chuvas.
- Biólogo é se importar se a natureza sofre.
- Biólogo é aproximar-se de instintos.
- Biólogo é perder medos.Biólogo ganhar amigos que jamais irão decepcioná-los.
- Biólogo é ter ódio de gaiolas, jaulas e correntes.
- Biólogo é perder um tempo enorme apreciando vôos de gaivotas.
- Biólogo é permanecer descobrindo, através da natureza a si mesmo.
- Biólogo é ter coragem de penetrar num mundo diferente e ser igual.
- Biólogo é ser capaz de entender gratidões mudas.
Mas, sem dúvida nenhuma, as únicas verdadeiras...São adivinhar olhares, e lembrar do seu tempo de criança.
- Ser biólogo é conviver lado a lado com ensinamentos profundos sobre o amor e a vida!!!