/> Ecológica de Salto: 2011-01-16

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

(PEQUENA GIGANTE) Perto de Porto Elizabeth, o parque que salvou os elefantes da extinção




ELA ESTÁ TRANSFORMANDO A MANEIRA DE TRATAR OS ELEFANTES NA ÁSIA, PARA QUE ELES NÃO ENTREM NA LISTA DOS ANIMAIS EM EXTINÇÃO
texto Marcia Bindo

Uma pequena criatura vive entre gigantes no norte da Tailândia. Do sexo feminino, pesa 43 quilos e mede apenas 1,55 metro de altura. Seu nome é Sangduen Chailert, mas todos a chamam de Lek – ou “pequenina” em tai. Mas é só se aproximar que Lek cresce, ganha outra proporção. Há muitos anos ela cuida de animais maltratados. Mais especificamente, elefantes. Já salvou centenas dos paquidermes, que, apesar de serem símbolo do seu país – suas imagens enfeitam de garrafas de cerveja a palácios e templos – são cruelmente explorados por lá.

Há um século viviam cerca de 100 mil elefantes na Tailândia, a metade treinada para arrastar toras de madeira e transportar mercadorias. Hoje restaram pouco mais de 3 mil desses mamíferos domesticados e um número ainda menor de selvagens. E a situação deles só tende a piorar. A agricultura e o desmatamento já roubaram dos animais três quartos da floresta do país. E o turismo usa e abusa dos bichos. Quando eles se machucam e não prestam mais para o entretenimento, são abandonados.

A conseqüência são elefantes desempregados e sem lar. Um problema “grande demais para ser ignorado”, como Lek diz. Ela é uma das poucas de sua espécie que não fi caram imunes à situação. Criou o Parque Natural dos Elefantes, onde os bichos não precisam fi car arrastando troncos, pedindo esmolas ou fazendo números de circos – eles podem viver, apenas.

O turismo na Tailândia abusa dos elefantes em shows de circo e passeios em seu dorso

O parque fica a 50 quilômetros de Chiang Mai, no norte da Tailândia, cidade-paraí so dos viajantes que buscam belas paisagens para fazer trekking em terras orientais. Entre as atividades mais procuradas estão o passeio exótico no dorso de elefantes conduzido por um mahout, o adestrador do animal, e os shows em que eles dançam, pedalam em enormes triciclos e fazem coisas bizarras como jogar futebol e até basquete. O que ninguém vê é que, para domar o animal selvagem, são necessárias doses de tortura, num ritual chamado phajaan. Acontece assim: o filhote é afastado da mãe e aprisionado em uma pequena jaula, onde é espancado e privado de comida, água e sono por vários dias. Os mahouts gritam os comandos e, se o animal erra, furam sua pata com lanças de bambu. A tortura segue até o bicho aceitar que pessoas montem em seu dorso. A partir daí, o animal abandona sua força de vontade. E jamais se esquece das torturas que sofreu quando pequeno – daí vem a expressão “memória de elefante”. Na Tailândia, o uso de elefantes para o turismo é permitido. É proibida sua exploração para pedir esmolas pelas ruas das cidades, o que de fato ainda ocorre em todo o país.

A chegada ao Parque Natural dos Elefantes é uma volta à Pré-História. Mais de 30 gigantes acizentados andam livres lentamente em uma enorme área verde. De uma van, turistas ingleses, suecos, alemães descem até uma grande cabana de bambu e madeira, onde dão de cara com as fichas dos animais, para se familiarizar com cada um deles. Há uma foto com o nome do bicho, data de nascimento e chegada ao parque, seu grupo familiar... e o que sofreu – traumatismo craniano, pata quebrada e até cegueira, como é o caso de Jokia.

A pequena Jokia é um dos 32 elefantes adultos que Lek salvou aos longo dos anos. Antes de estar ali, a elefanta trabalhava numa madeireira ilegal, onde puxava cargas pesadas, mesmo estando grávida. Por causa do esforço, sofreu um aborto e resolveu fazer greve. Seu tratador atirava pedras com estilingue para fazêla levantar e andar. Uma vez ele errou o alvo e a deixou cega do olho esquerdo. A depressão da elefanta aumentou. Quando seu dono se aproximou, ela lhe quebrou o braço com o movimento da tromba. Ele acabou atirando uma flecha no outro olha de Jokia e a botou para trabalhar acorrentada. Lek conheceu Jokia quando fazia uma visita à madeireira – ela a viu sendo atacada pelos tratadores porque caminhava dando encontrões em árvores. Quando soube da história da elefanta, decidiu juntar dinheiro para comprá-la. Agora Jokia passa seus dias na reserva florestal de 380 hectares.

Respeito pelo contato

Já é hora do almoço no Parque Natural dos Elefantes. Apesar da dieta leve e vegetariana, à base de frutas como banana, mamão e maçã, para manter esses animais é preciso cerca de 230 quilos de alimentos, mais 230 litros de água por dia. Uma vez domesticados, os elefantes precisam ser alimentados pela equipe. Mas quem faz o trabalho são os turistas que chegam para conhecer o parque, uma maneira de aproximá-los carinhosamente dos gigantes. As criaturas se aproximam do quiosque abanando as orelhas e esticando as longas trombas para receber os cachos de banana. Assim, o parque cumpre uma dupla função – protege os elefantes e educa tailandeses e turistas para um tratamento mais digno aos animais. Voluntários do mundo inteiro que trabalham no parque ensinam sobre o comportamento e a vida dos bichos. Lek acredita que esse contato pode mudar a percepção do visitante em relação ao animal. Porque já percebeu isso na pele.

A tailandesa miúda de cabelos e olhos negros brilhantes nasceu há 46 anos em uma tribo pequena na montanha, e seu amor pelos gigantes chegou quando menina. Seu pai ganhou um filhote como pagamento por ter salvo a vida de um homem. Cresceu junto com o Ouro Puro – seu nome – e desenvolveu um amor pelo bicho de “inteligência assombrosa e surpreendente delicadeza”, como me diz Lek, que decidiu trabalhar mais tarde ajudando os donos das companhias de trekking a usar elefantes desempregados nos passeios. Rapidamente percebeu os abusos que os bichos sofrem – não só na Tailândia, mas em toda a Ásia. Criou o Jumbo Express, ambulâncias que resgatam e levam veterinários até elefantes machucados em vilas remotas. E, através de sua campanha, recebeu muitas doações para comprar um terreno e criar o centro de reabilitação dos elefantes em 1995, e mais tarde um abrigo na floresta para levar os elefantes já recuperados dos maus tratos.

Como as florestas são vitais para a vida dos grandalhões, Lek deu para protegêlas também. Convidou alguns monges budistas para ajudá-la na tarefa. Em algumas semanas, amarraram pedaços de pano alaranjado nas árvores ao redor do parque. Como os tailandeses (em sua maioria budistas) têm muito respeito pelos monges, eles acreditaram que seria um “mau carma” arrancar uma árvore marcada. Por causa do seu trabalho, em 2005 a revista americana Time nomeou Lek heroína do ano na Ásia por proteger um animal que corre o risco de sumir do mapa. “Não sei como alguém pode ficar em contato com um elefante e não amá-lo”, ela afirma enquanto seguimos para o rio.

Este é o momento mais divertido com os elefantes: a hora do banho. Nunca tinha ficado tão próxima desses gigantes. Enquanto eles deitam nas águas rasas, com a ajuda de uma escova e um baldinho, limpo as costas de um deles. Ele rola alegre, e então ficamos olho no olho. Lek tinha razão. Logo os turistas estão caindo de amores pelos trombudos. Depois do banho, é hora de subir em um mirante próximo ao rio. A vista do parque é privilegiada. Nesse momento Lek conta aos visitantes a importância de proteger os animais. Tira dúvidas. Conta sua história. E a história de cada animal. Está emocionada. E nós todos, hipnotizados pela sua força.

Então ela é interrompida por um funcionário que lhe conta algo no ouvido. Seus olhos ficam mais brilhantes. Ela acabara de receber um convite do governo indiano para criar um parque nos mesmos moldes do seu em Bangladesh, na Índia – o país também abusa dos paquidermes e tem problemas para cuidar daqueles que são abandonados. Mesmo pequena, Lek faz uma grande, uma enorme diferença.

Tailândia, elefantes são obrigados a pintar quadros.

Elefantes são obrigados a pintar quadros na Tailândia

Por Raquel Soldera (da Redação)

Em 1989, milhares de elefantes deixaram de ser explorados em plantações, após a proibição da poda de árvores na Tailândia. No entanto, as autoridades encontraram uma nova forma de exploração desses animais.

Agora, centenas de elefantes são obrigados a pintar telas em espetáculos para turistas em Lampang, no norte da Tailândia. Os elefantes, por não terem a criatividade e a capacidade de abstração dos primatas, precisam da “ajuda” dos mahout (cuidadores), que controlam suas trombas.

E a exploração dos animais não se limita à pintura. Segundo os organizadores, as apresentações dos elefantes costumam incluir composições coreográficas e jogos de futebol. Eles também são obrigados a formar uma orquestra, na qual tocam vários instrumentos de percussão, como tambores e xilofones.

Grupos de defesa dos animais garantem que os mamíferos são submetidos a torturas para que aprendam habilidades que não são próprias de sua natureza. Os responsáveis do centro tailandês, obviamente, negam que existam maus-tratos. “Eles são ensinados de uma forma natural, não são forçados a realizar nenhuma atividade, embora eu não possa dizer o mesmo de outros centros na Tailândia”, alegou Vicky, relações públicas do Instituto Nacional de Elefantes de Lampang.


Elefantes são obrigados a tocar instrumentos. (Foto: Life.com)


Na Tailândia, há cerca de 2.500 elefantes selvagens e outros 2 mil domesticados. Eles chegam a pesar 3,5 toneladas e medir 3 metros de comprimento, com uma esperança de vida de até 80 anos.

O Centro de Conservação de Elefantes de Lampang tem cerca de 90 elefantes, dos quais 50 trabalham nos espetáculos para turistas, 12 recebem tratamento no hospital por acidentes em minas, intoxicação, problemas intestinais e infecções, e o restante desempenha “outras tarefas”.

Quando chegam à chamada “idade senil”, época em que os elefantes podem entrar em um estado que os torna “perigosos” para seus cuidadores e todos que se aproximam, os responsáveis pelo centro de conservação os “devolvem” à selva para que passem seus últimos anos em solidão.

O que os responsáveis pelo Centro de Conservação de Elefantes de Lampang não conseguem explicar é por que os elefantes não podem ser “devolvidos” à selva em vez de serem explorados em atividades de entretenimento para turistas.

Elefantes são obrigados a andar em corda bamba na Tailândia


Elefantes estão sendo explorados em um parque temático próximo a Bancoc, na Tailândia.


(Foto: Bronek Kaminski/Barcroft/Getty Images)

Os animais têm sido obrigados a andar em uma corda bamba. De acordo com agência “Barcroft Media”, os elefantes se equilibram em três pernas.


ESTUDOS AFIRMAM: Elefantes são "Engenheiros" que ajudam na Biodiversidade


Segundo pesquisa, áreas destruídas pelos paquidermes têm mais espécies de anfíbios.

Um estudo de cientistas americanos afirma que áreas destruídas por elefantes abrigam mais espécies de anfíbios e répteis do que aquelas que ficam intocadas, o que faz dos paquidermes verdadeiros “engenheiros ecológicos”.

Os pesquisadores encontraram 18 espécies de animais em locais altamente danificados pelos elefantes, enquanto as áreas intactas tinham apenas oito. As descobertas foram publicadas na revista African Journal of Ecology.

“Elefantes, junto de algumas outras espécies, são considerados engenheiros ecológicos porque as suas atividades modificam o habitat de uma maneira que afeta muitas outras espécies”, explica Bruce Schulte, da Universidade Western Kentucky (EUA).

“Eles fazem de tudo, desde cavar com suas patas dianteiras, puxar grama e derrubar grandes árvores. Assim, realmente mudam a paisagem.”

O cientista afirma que o sistema digestivo dos elefantes, por não processar muito bem todas as sementes que eles comem, também ajuda na modificação do habitat.

“Como as fezes são também um ótimo fertilizante, os elefantes são capazes de rejuvenescer a paisagem ao transportar sementes para diferentes lugares”, disse Schulte à BBC.

A equipe da Universidade Georgia Southern (EUA) realizou o estudo entre agosto de 2007 e fevereiro de 2008 no rancho Ndarakwai, uma área de 4,3 mil hectares no nordeste da Tanzânia.

Os cientistas identificaram áreas com grandes, médios e baixos danos causados por elefantes criados livremente, em comparação com uma área de 250 hectares que foi isolada de grandes herbívoros, como elefantes, girafas e zebras.

Ao buscar amostras de espécies, os pesquisadores encontraram “uma tendência de maior riqueza em áreas com danos causados por elefantes do que na vegetação florestal.”

Melhores amigos dos sapos

No artigo, os cientistas concluem que a diferença na riqueza animal nas áreas danificadas era provavelmente resultado da “engenharia” dos elefantes, gerando novos habitats para uma diversidade de espécies de sapos.

“As crateras e destroços de madeira formados por árvores quebradas e arrancadas pela raiz (aumentaram) o número de refúgios contra predadores”, diz o estudo.

Os cientistas afirmam ainda que os locais também favoreceram insetos, que se tornaram uma importante fonte de comida para anfíbios e répteis.

Schulte afirma que a descoberta traz implicações para estratégias de manutenção do habitat e da vida selvagem.

“Se estamos administrando o habitat, então claramente temos que saber para que o estamos administrando”, diz.

“O que este estudo aponta é que, embora algumas coisas não pareçam particularmente boas para o olho humano, isto não significa necessariamente que isto é prejudicial para toda a vida que está ali.”

Fonte: G1

CITES: Confirma Medidas de Proteção aos Elefantes


DOHA — A proibição total comércio de elefantes foi confirmada na sessão plenária da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES), apesar das tentativas da Tanzânia e da Zâmbia para impedir esta decisão. Tanzânia (106.000 elefantes) e Zâmbia (27.000) pediam a transferência desses animais do Anexo I (comércio proibido) ao Anexo II da Convenção, a fim de poder vender, sob certas condições, seus paquidermes vivos ou em troféus, excluindo o marfim dessas transações. Depois de uma votação negativa a respeito na segunda por parte dos Estados membros presentes, nesta quinta os dois países também fracassaram em sua tentativa, a poucas horas do encerramento. O elefante da África ou “Loxodonta africana” está inscrito no Anexo I da CITES desde 1989, que proíbe o comércio internacional, com exceção de quatro países da África austral: África do Sul, Zimbábue, Botsuana e Namíbia.

Fonte: AFP

Apreendidas Presas de Elefante e Objetos em Marfim no Valor de 250 Mil Euros


As autoridades tailandesas anunciaram hoje a apreensão de 69 presas de elefante e quatro objetos em marfim, originárias de Moçambique. O material de 435 kg tem valor total estimado em 250 mil euros.
As presas foram encontradas ontem em um armazém no aeroporto de Suvarnabhumi em Banguecoque, na Tailândia, em duas caixas com destino ao Laos, declaradas como bens pessoais. Mas o diretor-geral do serviço alfandegário Prasong Poontaneat afirmou que o marfim voltaria para a Tailândia.
“Eles declararam que o carregamento era destinado ao Laos para enganar as autoridades alfandegárias, pois as presas voltariam à Tailândia, atravessando a fronteira de novo”, explicou o diretor.
Segundo a agência de notícias tailandesa, a operação de apreensão aconteceu após denúncia da CITES (convenção de 1975 sobre o comércio internacional das espécies de fauna e flora selvagens ameaçadas de extinção) que informou às autoridades que o marfim se seria levado ilegalmente de Moçambique para a Tailândia.
Não houve detenção dos responsáveis, pois tanto destinatário como remetente são desconhecidos, ninguém foi ao aeroporto reclamar a encomenda.
Desde 1989 o comércio internacional de marfim está proibido pela CITES. Mas a partir de 1997, os países da África austral foram autorizados a proceder a vendas pontuais.
A Ásia, principalmente a China e o Japão, é um dos maiores mercados do planeta para as vendas de marfim. A Tailândia posiciona-se como um local de passagem do tráfico internacional.
Fonte: Ecosfera

Evite a Crueldade e os Maus Tratos

Fonte: Suipa (Sociedade União Internacional de Proteção dos Animais) - http://www.suipa.org.br



Cães - Amputar orelhas e rabos por motivos estéticos causa sofrimento e é desnecessário. Na Suiça, isto já é proibido por lei oficial. No Brasil, alguns simpósios veterinários já estão propondo sua proibição. Cruzamentos experimentais, na tentativa de desenvolver novas raças, têm causado o nascimento de indivíduos com sérios problemas genéticos. Maus donos obrigam seus cães a viverem em lugares pequenos demais para as necessidades de seus músculos, presos a correntes curtas ou desabrigados do frio, calor excessivo, vento e chuva.

Pássaros - Gaiolas pequenas causam atrofia do sistema muscular das aves e dores. Para que tenham pelo menos espaço para bater suas asas, estuda-se uma lei que determine o tamanho mínimo da gaiola. Maus vendedores, em esquinas de ruas movimentadas, cegam, intoxicam com bebidas alcoólicas, cortam tendões musculares debaixo das asas ou enfiam bolinhas de chumbo no ânus dos pássaros para que pareçam mansos. Papagaios ficam imobilizados durante a vida inteira em poleiros com apenas dois palmos de comprimento.

Rinhas de canários - Dois machos são estimulados a disputar uma fêmea até a morte, mas o vencedor não fica com ela. É preparado para na próxima luta proporcionar novos lucros aos apostadores.

Rinhas de galos - Equipados com afiadas lâminas de metal, na altura das esporas, eles se vêem forçados a lutar até a morte, ou quase, para satisfazer os apostadores.

Tiro ao pombo - As aves não têm chances de sobreviver. Para se tornarem presas mais fáceis para os atiradores, as penas do rabo são arrancadas para que não voem muito longe e são colocadas em local escuro para não enxergarem quando em contato com a luz. Se sobreviverem à primeira revoada, um pegador as apanhará nas proximidades para voarem novamente para a morte.

Gatos - Donos que os criam para caçar ratos não lhes dão carne e os alimentam mal na ilusão de que é a fome que os fará caçar. Na verdade, é o contrário: gato bem alimentado caça mais e melhor.

Peixes - Comerciantes irresponsáveis causam a morte de milhões de peixes de aquário, desde a captura até serem vendidos aos aquaristas. Maus aquaristas não dão aos seus peixes os cuidados necessários.

Macacos - Vendidos em esquinas, infringindo às leis protecionistas, costumam vir com uma coleira de arame na barriga que causa feridas. São freqüentemente criados acorrentados.

Rodeios - Cavalos mansos, para parecerem xucros, têm seus órgãos genitais amarrados com sédem, contendo arame fino, alfinetes e outros materiais contundentes que machucam e os fazem corcovear devido às fortes dores.

* Marcelo Szpilman é Biólogo Marinho, Diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor do Informativo do Instituto e autor dos livros Guia Aqualung de Peixes e Seres Marinhos Perigosos.

Nova espécie descoberta na Caatinga


Gymnanthes boticario (Foto: Maria de Fátima de Araújo Lucena)
Embora a Caatinga seja o único bioma exclusivamente brasileiro, é também o menos pesquisado. Por ter apoiado um trabalho do Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)1, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza2 foi homenageada na hora de se escolher um nome para uma nova espécie de planta, a Gymnanthes boticario.

A Gymnanthes boticario não é a primeira referência que a fundação recebe. Ela está no mesmo grupo que o anfíbio Megaelosia boticariana, os peixes Aphyolebias boticarioi e Listrura boticario, além de outra espécie vegetal, a Passiflora boticarioana Cervi.

Antes da descoberta, eram conhecidas 45 plantas do gênero Gymnanthes, três dessas endêmicas no Brasil. A planta foi descrita em artigo publicado em dezembro de 2010, no volume 40 da publicação Willdenowia – Anuário do Jardim Botânico e do Museu Botânico de Berlin-Dahlen3. O gênero Gymnanthes é da tribo Hippomaneae. A Gymnanthes boticario é da família Euphorbiaceae, a mesma de velames, urtigas, mameleiros e leiteiras, comuns na Caatinga.

A planta ocorre em áreas arenosas ou pedregosas, com altitudes entre 400 e 900 metros. A altura da espécie é de um a quatro metros, suas flores são pequenas, amarelo-creme e não exalam perfume. Sua ocorrência foi verificada nos estados Pernambuco, Piauí, Paraíba, Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte.

A espécie foi coletada, pela primeira vez, em 31 de maio de 2006, em Mirandiba, no sertão pernambucano. Em 2007, a pesquisadora Maria de Fátima de Araújo Lucena registrou novos indivíduos no Parque Nacional Serra da Capivara (PI).


Gymnanthes boticario (Foto: Maria de Fátima de Araújo Lucena)
Novas populações da Gymnanthes boticario foram encontradas em Pedra Branca (PB), na Serra de Olho d’Água, uma região a 740 metros de altitude. De acordo com Maria de Fátima, todos os espécimes já coletados foram encontrados em remanescentes de Caatinga bem preservados, com pouca intervenção humana e, por vezes, de difícil acesso, com vegetação predominante arbustiva e arbórea.

À época da descoberta, Maria de Fátima estava desenvolvendo sua tese de doutorado “Velames, urtigas, mameleiros e leiteiras: a diversidade de Euphorbiaceae no semiárido nordestino” com a orientação do professor Marccus Alves. Ela contou com a ajuda do especialista alemão Hans-Joachim Esser, do Botanische Staatssammlung de Munique4, tradicional instituição de pesquisa alemã, para a identificação da nova espécie.

Durante o projeto foi feito um inventário florístico da família Euphorbiaceae com necessidade de investigação científica ou cujo conhecimento botânico fosse escasso. Os locais selecionados para o estudo foram as unidades de conservação Parques Nacional Serra da Capivara, no Piauí, e o Parque Nacional Serra de Itabaiana, em Sergipe, o município de Mirandiba, a região dos Cariris Paraibanos e uma área no município de Porto da Folha (Sergipe).

Com os produtos gerados no projeto foi possível identificar o panorama da diversidade taxonômica desse grupo de plantas em algumas áreas do semiárido conta Maria de Fátima. Foram registradas 28 novas ocorrências de espécies da família para a região Nordeste, além de identificadas populações de espécies raras e a descoberta da nova espécie para a ciência. Também foi realizado extenso levantamento da família nos principais herbários da região, com o objetivo de complementar dados de distribuição geográfica das espécies.



Gymnanthes boticario (Foto: Maria de Fátima de Araújo Lucena)
A pesquisa confirmou a necessidade de inventariar novas áreas no bioma Caatinga. “A identificação de áreas e de ações prioritárias, como a pesquisa, tem-se mostrado um valioso instrumento para a conservação e proteção da Caatinga”, diz Maria de Fátima.

Por apresentarem alto potencial econômico, o gerenciamento sustentável de unidades de conservação e das áreas da Caatinga pode ajudar na manutenção das espécies da família Euphorbiaceae. “Ainda mais porque áreas como aquelas nas quais Gymnanthes boticario foi encontrada estão se tornado cada vez mais raras”, conta a pesquisadora. A Caatinga tem sido degradada pelo manejo inadequado de sua vegetação, exploração de pecuária extensiva e agricultura. “Essa situação coloca em risco a biodiversidade do bioma com número expressivo de espécies raras e endêmicas”, explica Maria de Fátima.

A região nordeste do Brasil comporta atualmente 245 espécies da família Euphorbiaceae, distribuídas, com maior frequência, nas áreas de Caatinga. Além dessa expressiva ocorrência, a família contempla um número considerável de espécies com potencial econômico no setor farmacológico-medicinal, industrial, madeireiro, ornamental, na produção de alimentos. Alguns exemplos são: mandioca (Manihot esculenta Crantz), mamona (Ricinus communis L), seringueira (Hevea brasiliensis), quebra-pedra (Phyllanthus niruri L), mameleiro (Croton blanchetianus Baill), quebra-faca (Croton micans Müll. Arg.), velame (Croton heliotropiifolius Kunth.), urtiga (Cnidosculos urens (L.) Arthur), flor-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima), coroa-de-cristo (Euphorbia milli Dês Moul.) e pinhão (Jatropha curcas L.). O potencial econômico da Gymnanthes boticario não foi identificado. (Celso Calheiros)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Período de defeso do Ucides cordatus no Maranhão: 20-25 de Janeiro de 2011


São Luís (14/01/2011) - A partir do dia 20 a 25 de janeiro de 2011 o caranguejo-uçá (Ucides cordatus) entra no segundo período de defeso de 2011. Isso significa que, durante cinco dias, ficam proibidos a captura, transporte, beneficiamento, industrialização, armazenamento e comercialização do crustáceo vivo ou em partes isoladas.

A medida é regulamentada pela Instrução Normativa Interministerial nº 01/11, do Ministério da Pesca e Aqüicultura e do Ministério do Meio Ambiente e vale para todos os Estados onde há ocorrências da espécie (Pará, Amapá, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Espírito Santo).

O defeso do caranguejo-uçá é necessário para garantir o fenômeno natural da “andada”, que é o período reprodutivo em que os animais saem das tocas e circulam pelo manguezal a fim de se acasalar e liberar os ovos. ‘Essa é a primeira fase de reprodução. Os crustáceos ficam vulneráveis nessa fase, por isso, é importante protegê-los, para que a reprodução seja completa’.

A Instrução Normativa Interministerial determina que até março deste ano, haverá outros períodos do defeso de andada com base nas maiores amplitudes das marés e nas ocorrências das luas nova e cheia: de 3 a 8 e de 19 a 24 de fevereiro; e de 5 a 10 e de 20 a 25 de março.

No período de reprodução, só poderão ser comercializados os caranguejos capturados antes do início do defeso cujos estoques foram declarados ao Ibama, que concederá os documentos de “Declaração de Estoque” e de “Guia de Transporte e Comercialização”.

Os estabelecimentos que comercializam refeições de caranguejo-uçá podem optar por paralisar as atividades no período do defeso.

Os catadores e comerciantes que não acatarem as restrições da Instrução Normativa, estão sujeitos a Multa de R$ 700 a R$ 100 mil reais, com acréscimo de R$ 20,00 por Kg ou fração do produto, conforme Lei 90605 /98 e Decreto 6514/08.

Para Declarar o Estoque o Pescador ou Comerciante deverá dirigir-se ao Ibama na Av. dos Holandeses, Quadra 33 Lote 17 e 18, Quintas do Calhau, em São Luis, ou nas Unidades do Ibama mais próxima de seu domicilio.

Supes/MA



Fonte: IBAMA

Índios amamentam filhotes de animais no Maranhão


Índias da tribo Awá-Guajá amamentam filhotes da floresta no Maranhão. Os temas ligados à natureza e ao meio ambiente sempre foram prioridade na Rede Globo. Até o fim do ano passado, você acompanhou no Fantástico o projeto Globo Amazônia, com suas reportagens sobre a maior floresta do planeta.


A partir deste ano, vamos além. Vamos falar também dos outros biomas de nosso país. É o projeto Globo Natureza. Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Pampas, Caatinga vão ter ainda mais atenção em todos os nossos programas e telejornais.

Globo Natureza estreia neste domingo (9), no Fantástico, com uma série especial sobre as índias do Brasil. Nossas repórteres vão entrar no mundo íntimo de mulheres de diferentes tribos no país. A primeira é a dos Awá-Guajá, no Maranhão. Uma etnia tão identificada com a natureza que as índias chegam a amamentar filhotes de bichos encontrados na floresta.

Nas águas do Igarapé é hora de brincadeira. Entre cuidados e sorrisos, as índias mostram por que já foram chamadas de mães da floresta. O carinho delas com as crias, com todas as crias é grande.

(video)

O filhote de cotia é alimentado com o fruto do babaçu. Há muitos bichos na aldeia, mas a relação com os macacos é especial. É uma das carnes preferidas, mas é também o mais divertido e querido animal de companhia.

“O awá-guajá é um povo muito único. É um dos últimos povos nômades de que se tem notícia na América. E essa relação que eles têm com o bicho, ele passa a ser membro da família”, explica Bruno Fragoso, coordenador dos índios isolados da Funai.

Alimentar a natureza para ser alimentado por ela. Talvez para nenhum outro povo isso seja mais forte e verdadeiro que para as mulheres awá-guajá. Tapanií amamenta uma criança e um macaco ao mesmo tempo. Em tupi, ela conta que os dois vão crescer e brincar juntos. E explica que, quando o macaco órfão que ela adota fica maior e mais agressivo, ela o solta na mata.

O Fantástico foi à terra indígena do Carú, no nordeste do Maranhão, para visitar esse povo raro. As aldeias criadas pela Funai para atrair e tentar proteger os awá-guajá têm menos de 20 anos.

“O maior medo que eles têm é a doença que às vezes contraem no contato com a gente. E o segundo medo é pensar que é inimigo, pistoleiro, esse povo que vem invadindo as terras”, conta Patreolino Garreto Viana, auxiliar de campo da Funai. “Os awá vêm sendo assassinados acho que desde a década de 1960 por caçador de onça, roceiro, fazendeiro.”

Imoin tem o medo estampado no rosto e no braço uma marca de bala. O filho dela conta que a emboscada aconteceu quando ela fazia coleta na mata: “Branco atira e minha mãe corre, aí atira atrás dele e aí o tiro pegou um.”

O perigo do encontro com invasores, caçadores e madeireiros é grande, mas o espírito nômade dos awá-guajá é muito forte, e mesmo os que moram nas aldeias passam boa parte do tempo na mata. Uma das famílias passou dias na floresta. Volta trazendo caça e vários litros de mel. Macaripitã conta que foi ela que enxergou a colmeia.

Lá assim. Mulher boa para casar é aquela que sabe ver e ouvir a natureza. Ser prendada também conta, dizem os rapazes da aldeia.

“Aí a mulher sabe fazer a saia dele também, como ele usa, como ela usa, sabe cozinhar também, como a gente come”, diz Manaxika, líder da aldeia.

A sabedoria dessas mulheres é fruto da relação que elas têm com a natureza e com as tradições. O melhor jeito de subir na árvore, de limpar e preparar o peixe, de cortar o cabelo com lascas de taquara afiada.

Os cestos, os enfeites, as redes e roupas da palha do tucum. Dar conforto e beleza para a tribo é função das mulheres awá-guajá. Como a maioria das mulheres awá-guajá, Aracaníi não fala português, mas é uma líder nata e uma tecelã de mão cheia. As saias e tipoias de tucum são a marca, parte da identidade dessas mulheres. A palha é enrolada e depois trançada em um tear muito rústico fincado na aldeia. Dele saem também as fitas que, enfeitadas de pena, viram braçadeiras e tiaras. Elas fazem o trabalho, eles a gentileza.

A rede de tucum é o primeiro berço das crianças awá. Elas são muitas. Amamentadas até dois, três anos, elas garantem o futuro e a alegria da tribo. As jovens se casam assim que menstruam. Novinhas já têm muitos filhos. Parapiñam tem quatro e mais um a caminho. Em casa, ela e o marido mostram como será o parto. Ele conta que não será demorado.

Uma índia não teve a sorte de uma gravidez tranquila. Está de sete meses e perdendo sangue, precisa de socorro.

A enfermeira da Funai faz o que pode, mas no local médico não tem aparecido há meses. O isolamento da aldeia awá só é vencido quando aparece alguém de carro. Foi a sorte da índia grávida. Bruno, o novo coordenador do grupo de índios isolados da Funai, a levou para a cidade de Santa Inês e gravou imagens para mostrar para a tribo. No hospital precário nasceu mais um awá-guajá.

A boa notícia se espalha na tribo. A lua cheia no céu é outro bom motivo para celebrar. Em época de estiagem é costume dos awá fazer o ritual de viagem ao céu. O clima de festa vai tomando conta da aldeia. Assim que a Takaia, a casa sagrada, fica pronta, os meninos começam a imitar o que os adultos farão. As mulheres ajudam os homens a se enfeitar. A cantoria é parte da cerimônia. Dentro da Takaia, os homens se comunicam com os espíritos. Algumas mulheres também cantam.

Os jovens aproveitam para namorar. O abraço awá é quase sempre pelas costas. Os mais novos participam pouco. Querem ajuda para manter sua cultura e sua terra. Clamam para que os ocupantes ilegais sejam retirados como determina a lei.

“Eu gostaria de pedir socorro para as pessoas que escutam a gente, para proteger a nossa terra”, pede um índio.

A ameaça é terrivelmente visível para os awás e para as outras etnias da região. Imagens de satélite mostram que os 820 mil hectares de terras indígenas demarcadas no Maranhão estão sendo devastadas sem dó.

“Os awá-guajá, no processo de aceleração de invasão em que se encontram, se não houver ação rápida e emergencial, o futuro desse povo é a extinção”, diz Bruno Fragoso, coordenador dos índios isolados da Funai.

A floresta no Maranhão ainda existe porque os índios estão lá, e eles ainda sobrevivem porque estão na floresta. Uma relação que, em cada detalhe, impressiona, emociona quem chega.

Uma mulher conseguiu fazer um leque rapidamente. Ela pegou folhas e o leque já ficou quase pronto. Os awá-guajá são assim; gostam de dividir o que sabem, o que caçam e pescam, o que comem. Dividem também de maneira única o mais rico dos alimentos. Nesse jeito tão belo que as mulheres awá-guajá têm de serem filhas e mães da natureza.

Fonte: Clica Piauí