Por João Augusto de Oliveira*
Diretor da Ecocert Brasil
Bem Estar Animal… Meu Avô tinha razão!
Meu avô Maneco Vieira criava gado, mantinha cultivos para subsistência da família e um rebanho de ovelhas de onde vinha a carne e também a lã para tecer os ponchos e cobertores indispensáveis no inverno rigoroso de Cruz Alta, Rio Grande do Sul.
Todos os animais da fazenda eram tratados com dignidade, fossem os cavalos para o trabalho de campo, os cachorros que alegremente acompanhavam os peões na lida com o gado, as galinhas que forneciam carne e ovos, as abelhas, os suínos, os pássaros, as ovelhas…
Para estas meu avô mantinha uma regra rígida: “carne de ovelha abatida sob condições de medo não presta, não deve ser ingerida!” Assim como rigidamente impunha a regra de cuidados e respeito com os animais aos familiares e empregados.
Anos mais tarde, já agrônomo comprometido com a preservação ambiental, vim a compreender melhor o que meu avô tentava ensinar: ética, cuidado e compreensão no tratamento dos animais que servem ao homem, seja pelo seu trabalho, seja com sua alegria ou com sua beleza, seja lhes fornecendo material para abrigar-se ou alimentos para perpetuação da vida, fazem parte do equilíbrio deste mundo.
Hoje o tema ganha as sociedades dos diferentes países, de forma crescente e seu nome é BEM ESTAR ANIMAL. Os consumidores exigem cada vez mais produtos provenientes de animais criados, manejados e abatidos tendo em conta seu bem estar.
Pesquisadores de Universidades renomadas produzem provas contundentes sobre os efeitos do bem estar animal na produtividade dos rebanhos, na economia das criações e, sobretudo, na qualidade dos alimentos produzidos. Mas podemos dizer que também as relações inter-pessoais são afetadas pela forma como nos relacionamos com os animais. É uma questão de ética.
O estresse a longo prazo pode esgotar o glicogênio muscular e resultar em carne DFD (Dark, Firm, Dry – escura, dura e seca). Isto ocorre em todas as espécies, inclusive aves. O estresse imediatamente antes do abate em suínos pode produzir a carne PSE (Pale, Soft, Exudative – pálida, mole e exsudativa). Sintomas semelhantes a PSE também foram relatados em frangos de corte e em perus. Tanto a carne PSE quanto a DFD têm má aparência, propriedades tecnológicas e palatabilidade ruins (P.D. Warriss S.N. Brown, School of Veterinary Science,University of Bristol Langford, Bristol BS40 5DU . Anais da 1ª Conferência Internacional Virtual sobre a qualidade da carne suína. Embrapa, Concórdia, 2000).
O Brasil, pela sua vastidão e diversidade, possui todas as condições para implementar sistemas produtivos respeitosos dos animais e do meio ambiente. Muitos produtores já chegaram lá através do manejo orgânico de suas propriedades, outros de lá nunca saíram recusando sistemas cruéis, poluidores e concentradores da riqueza. Os que porventura ali estão têm a chance de mudar pois o futuro lhes indica esse caminho, que é o caminho da sustentabilidade. A natureza e as gerações futuras lhes agradecerão como agradeceram ao meu avô Maneco Vieira.
O Joca através da Ecocert coordena no Brasil um programa de certificação de bem estar animal baseado nas normas da HFAC – Humane Farm Animal Care (20 milhões de cabeças certificadas nos Estados Unidos). A Ecocert tem origem na França, vem fazendo um trabalho sério e coerente, além da Certificação Orgânica, oferece Certificação Socioambiental. Visite o site: www.ecocert.com.br
*João Augusto de Oliveira é Diretor da Ecocert Brasil, Engenheiro Agrônomo, Mestre pela UFRGS (Porto Alegre, RS/Brasil) e pelo Institut Superieur des Productions Animales (Rennes/França)
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